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Perigos e Riscos: muito mais que um requisito da OHSAS 18001/ISO 45001


Orientações TécnicasTS 218 10 de janeiro de 2020 | Por: Portal TS
Perigos e Riscos: muito mais que um requisito da OHSAS 18001/ISO 45001

Passo a passo para identificar perigos e riscos nas atividades da empresa, prevenindo acidentes de maneira técnica

Joice C. Furiatti

Supervisora de HES e Qualidade da Atotech do Brasil

joice.furiatti@atotech.com

 

Nos últimos anos muitas empresas têm investido na área de segurança do trabalho e se certificando em normas como a OHSAS 18001 e, mais recentemente, a ISO 45001, que foi lançada em 2018 e irá substituir totalmente a OSHAS 18001 em 3 anos. 

Um dos requisitos dessas normas, e uma ferramenta relevante na área de segurança, é a identificação e avaliação de riscos. Essa prática traz vários benefícios para a empresa e seus funcionários. Entre eles, pode-se citar:

Atendimento aos requisitos da norma ISO/OHSAS;

Auxílio no cumprimento dos requisitos legais;

Diminuição dos casos de acidentes;

Redução dos custos e períodos de afastamentos decorrentes de acidentes ou doenças ocupacionais;

Auxílio na melhoria contínua, competitividade e imagem corporativa.

Apesar de ser uma ferramenta que traz vários benefícios, muitas vezes ela é entendida apenas como uma questão burocrática ou como algo complexo e de difícil compreensão. No primeiro caso, uma das causas possíveis seria o não completo entendimento do objetivo principal de se identificar perigos e avaliar riscos. Já no segundo, uma das causas seria a confusão existente entre os termos perigos e riscos e a própria utilização de uma sistemática baseada em critérios pré-estabelecidos para identificar e avaliar riscos que, no dia-a-dia, qualquer pessoa realiza de uma maneira intuitiva.

A fim de esclarecer a diferença entre os termos perigos e riscos se utilizará as definições descritas na Tabela 1, a seguir. 

Tabela 1: Definições Perigos e Riscos

Um modo simples de se identificar um perigo é:

1. Listar todas as atividades desenvolvidas na empresa, listar os equipamentos utilizados e situações ocorridas na companhia, tendo essa listagem em mãos, pode aplicar o próximo passo.

2. Fazer a seguinte pergunta chave: Este objeto, material ou atividade/situação pode causar algum dano? Se a resposta for sim, um perigo foi identificado.

Alguns exemplos de perigos são: contato com produtos químicos e contato com ferramenta cortante ou atropelamento por empilhadeira. Diante dessas situações podemos sofrer algum acidente (dano/consequência), como queimaduras, cortes, amputações, incapacidade permanente ou morte. 

Em relação ao risco, como ele é uma combinação de dois fatores (severidade e probabilidade), ele poderá ser classificado em diferentes categorias. Ou seja, tendo uma severidade alta e uma alta probabilidade de ocorrer o evento, o risco será maior do que quando se tem uma severidade e probabilidade baixas. Assim, a empresa precisa estabelecer as categorias para a severidade, para a probabilidade e para o risco.

Em relação às categorias de severidade, as normalmente definidas variam de baixa a alta; já para as categorias de probabilidade, normalmente se usa de improvável a frequente; e para as categorias de risco, usualmente, se estabelece as classificações de risco baixo, médio, alto e inaceitável.

Uma vez avaliado o grau de risco para um dado evento (causa + perigo + consequência), a empresa terá maior clareza sobre os seus riscos e poderá estabelecer as prioridades para a implantação de medidas preventivas a fim de eliminar, diminuir ou controlar os riscos. Em outras palavras, priorizará os riscos mais graves, implantando medidas preventivas para que esses riscos mais graves sejam diminuídos a riscos baixos (aceitáveis). 

Um ponto fundamental ao estabelecer as medidas preventivas para tratar o risco é seguir a hierarquia abaixo:

Eliminação;

Substituição;

Controles de Engenharia;

Controles administrativos (procedimentos, sinalização);

Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Desse modo, ao estabelecer medidas preventivas, é preciso pensar se não é possível, em primeiro lugar, eliminar o risco. Caso não seja, é necessário substituí-lo por um risco menor e, em terceiro lugar, implantar controles de engenharia, como por exemplo: sistema de exaustão, isolamento acústico de um equipamento, etc. A última opção seria a implantação do uso de EPI.

Outro ponto importante de se usar uma sistemática baseada em critérios é o de conscientizar os funcionários a respeito dos perigos e riscos de suas atividades, bem como de suas origens (causas) e ações preventivas implementadas. Pois, somente com a conscientização, os funcionários entenderão a importância de seguir as medidas preventivas, já que estará claro não ser uma imposição da empresa e sim porque, tais medidas preventivas, evitarão acidentes a eles mesmos.

A Tabela 2, abaixo, resume os passos básicos para se desenvolver uma sistemática para identificar perigos e avaliar riscos.

Tabela 2: Passos para identificar e avaliar os riscos

Em relação à sistemática utilizada, cada empresa é livre para usar aquela que mais se adequa ao seu contexto. Há várias metodologias que podem ser utilizadas, como HAZID, HAZOP, APR, FMEA, What if, etc.

Para ilustrar a utilização de uma sistemática, tem-se como exemplo o perigo de atropelamento por empilhadeira.

Abaixo seguem as tabelas com as categorias de probabilidade, severidade e risco.

Tabela 3: Categoria de Probabilidade

Tabela 4: Categoria de Severidade

Tabela 5: Categoria de Risco

Tabela 6: Identificação de perigos e avaliação de risco?

Analisando a tabela 6, observa-se que, para o perigo identificado (atropelamento por empilhadeira), foram encontradas duas causas, ou seja, a origem do perigo (desatenção de pedestre/empilhadeirista e ponto de baixa visibilidade). E para o mesmo perigo identificou-se duas consequências/danos, que são lesões em pessoas (corte, luxação, fratura) e incapacidade permanente e morte.

Ao avaliar o risco para cada conjunto de causa + perigo + dano deve-se utilizar as Tabelas 3 e 4.

No caso da severidade, deve-se classificar o dano identificado na categoria que melhor o representa, sendo assim, para o dano lesões em pessoas (corte, luxação, fratura), a categoria que melhor o representa é a Categoria 3, pois se alguém for atropelado por uma empilhadeira é bem provável que as lesões sofridas o afaste de suas atividades por um período, ou seja, tem-se um acidente com afastamento.

O mesmo raciocínio é usado para o dano de incapacidade permanente e morte. A lógica é também aplicada para se determinar a categoria de probabilidade, contudo, aqui, é importante também pensar sobre o histórico da empresa ou de empresas de áreas afins para estabelecer a probabilidade do evento do modo mais preciso possível. No exemplo estudado, observa-se que a probabilidade dos eventos diminuiu, uma vez que as medidas preventivas foram implementadas e com isso o grau de risco se alterou, passando de riscos de categoria alta ou inaceitável para riscos médios.

É imprescindível lembrar que este tipo de análise deve ser regularmente revisada, pois mudanças podem ocorrer nos processos, estrutura e contexto da empresa. Igualmente relevante é envolver tanto a liderança quanto os funcionários que trabalham diretamente nas atividades, pois, desse modo, a identificação dos perigos, causas e danos será a mais completa possível.   

Diante do exposto, a identificação de perigos e riscos não deve ser pensada apenas como um requisito a ser cumprido para obtenção ou manutenção de uma norma, mas sim, como uma ferramenta de extrema importância para a melhoria da organização em termos de segurança, meio ambiente e produtividade.

Bibliografia

segurancadotrabalhonet.com.br, acessado em 22/09/19 17:40 hs

OHSAS 18001:2007, 2ª. Edição, Agosto/2007

ISO 45001:2018, 1ª. Edição, Março/2018

Acesse o conteúdo original publicado na revista Tratamento de Superfície, edição 218, página 21-24

Acesse a edição 218 digital | Janeiro 2020

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