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“Já imaginou um carro sem pintura?”


Entrevista TSTS 218 10 de janeiro de 2020 | Por: Portal TS
“Já imaginou um carro sem pintura?”

Impossível, não é? A indústria de tintas está presente em praticamente todas os bens de consumo e áreas da vida e por isso é termômetro imediato para a economia no País. Há seis anos está aquém das expectativas de crescimento; mas os prognósticos são promissores, como nos conta o entrevistado desta edição, Antonio Carlos de Oliveira, presidente-executivo da ABRAFATI

mia vai mal.  Quem desenvolve esses e mais assuntos, como, por exemplo, sobre como as novidades tecnológicas, incluindo a microbiologia, estão revolucionando a indústria, é Antonio Carlos de Oliveira, presidente-executivo da ABRAFATI (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas) desde 2017, mas que há muito contribuía com a associação e teve sua carreira pautada por importantes realizações na DuPont Performance Coatings e na Axalta Brasil, atuando há mais de 40 anos no segmento. “Destacaria, como algumas das principais mudanças nesse período, a ascensão da sustentabilidade como questão central na estratégia das empresas; o aumento da conscientização e do consequente grau de exigência da sociedade e dos segmentos usuários de tintas em relação à própria sustentabilidade e também à qualidade; o desenvolvimento significativo de tecnologias que mudaram as tintas, entre os quais as tintas à base de água, as tintas em pó, as smart coatings (tintas inteligentes), e muitas outras”, destaca o executivo. Confira esta entrevista que, sem dúvidas, é referência para toda a indústria brasileira.

Como o Sr. avalia a indústria de tintas na atualidade?

A indústria de tintas é muito diversificada, envolvendo produtos para as mais variadas aplicações: de imóveis a aviões, passando por todo tipo de bem, estrutura ou superfície. Ou seja, seus produtos estão presentes nas vidas de todas as pessoas e todas as empresas, trazendo proteção, durabilidade, renovação, embelezamento e outros importantes benefícios. Merece destaque especial o fato de que, por proporcionarem esses benefícios, as tintas agregam valor aos produtos em que são aplicados. Já imaginou um carro sem pintura?

Por tudo isso, é uma indústria que tem o compromisso de avançar sempre, acompanhando as transformações no mundo e as novas demandas da sociedade e dos diversos usuários do produto.

O mercado de tintas brasileiro é o 5º maior do mundo. Como essa realidade está inserida na balança comercial?

Tintas não são um produto com forte presença na balança comercial, de forma direta. As exportações representam menos de 5% do faturamento total do setor, não alcançando US$ 150 milhões/ano. As importações totalizam valor similar. Parte da explicação para isso é que ‘tintas viajam mal’: a movimentação que ocorre durante o transporte, se for intensa ou muito prolongada, pode alterar suas características. Por outro lado, devem ser lembradas as ‘exportações indiretas’ de tintas: há uma enorme gama de produtos e bens pintados que são exportados, a começar pelos veículos.

Qual o segmento de tintas que mais cresce em vendas?

O principal segmento da indústria de tintas, em volume, é o das tintas imobiliárias (ou decorativas). Esse segmento tem um potencial enorme para crescimento, tanto por causa do imenso número de imóveis existentes no Brasil, quanto pelo fato de que muitos deles têm sua fachada e seu interior sem nenhuma pintura ou com pintura precisando ser refeita. Mas as vendas não têm correspondido a esse potencial. O mesmo vem ocorrendo, nos últimos seis anos, com praticamente todos os segmentos. No entanto, as tintas automotivas OEM, por exemplo, tiveram forte aumento nas vendas desde 2017, que se explica pela recuperação parcial em relação à queda significativa na venda de veículos nos anos anteriores. Outros subsegmentos que vêm tendo resultados expressivos são as tintas para setores industriais, em crescimento, como aqueles ligados ao agronegócio ou os que têm avançado nas exportações.

Qual estratégia da associação para minimizar os impactos da crise no setor?

As empresas são muito afetadas em sua rentabilidade e têm de fazer esforços hercúleos para aumentar a sua eficiência e competitividade, reduzindo custos, mas sem deixar de inovar. É uma equação complexa para resolver, mas elas têm dado conta e, por outro lado, isso as têm tornado mais fortes e preparadas para um ambiente de negócios que, independentemente de crises, é cada vez mais desafiador.  A associação trabalha em várias frentes; uma delas é o estímulo à cooperação entre os players da cadeia: fornecedores, fabricantes, aplicadores e usuários. Da mesma forma, temos trabalhado de forma coordenada com outras associações representativas, para desenvolver ações junto ao governo (com foco em redução do Custo Brasil, desburocratização, desoneração, estímulo a setores-chave como infraestrutura e habitação, entre outros). Outra importante vertente desse trabalho envolve o ordenamento do mercado e o estabelecimento de normas técnicas, nos quais já avançamos muito a partir da implantação do Programa Setorial da Qualidade de Tintas Imobiliárias e do trabalho do CB-164 – Comitê Brasileiro de Tintas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Desde 2017, a partir de um novo planejamento estratégico, também definimos quatro pilares como norteadores da atuação da ABRAFATI e que estão conectados a esse trabalho de se contrapor aos efeitos das crises: defender, representar e promover os interesses do setor (Advocate); proporcionar oportunidades de relacionamento (Networker); facilitar o acesso a conteúdo e conhecimento (Content Facilitator) e desenvolver a capacitação (Capability Developer). Os programas e iniciativas conduzidos pela ABRAFATI, focados nesses pilares, tiveram evolução significativa nesse período e os seus impactos já são sentidos e prosseguirão ao longo dos próximos anos.

Quais as projeções da ABRAFATI para o setor nos próximos 5 anos?

As perspectivas para o médio e longo prazo são positivas. Com a provável retomada do crescimento, em nível moderado, o Brasil precisará investir para dar conta das enormes demandas existentes em habitação e em infraestrutura. Há necessidades urgentes – em muitos casos, inadiáveis – para atender às necessidades de crescimento do País e de melhoria das condições de vida nos grandes centros urbanos. Existem diversos projetos nesse sentido, incluindo concessões, parcerias público-privadas e outras modalidades, que já foram iniciados ou que começarão a se concretizar, em áreas como revitalização urbana, transporte de passageiros e de cargas, energia (incluindo, cada vez mais, as energias alternativas, mas tendo petróleo e gás como um grande destaque), saneamento básico, telecomunicações. Em tudo isso, há utilização de tintas, o que estimulará o nosso setor. Da mesma forma, a indústria, em seus diversos segmentos, deverá retomar o crescimento, o que também contribui para a venda de tintas, que são utilizadas em praticamente todos os tipos de bens de consumo e de capital. Ressalto a importância do setor de petróleo e gás, que pode levar o País a ser, dentro de alguns anos, um dos principais produtores mundiais. Haverá muito investimento para isso, bastando mencionar que recentemente a Petrobrás anunciou o valor de 75 bilhões de dólares para o período 2020-2024, que será aplicado majoritariamente em exploração e produção, incluindo 13 novos sistemas (plataformas e outros). Lembro ainda que mudanças regulatórias referentes a energia elétrica e saneamento devem dar impulso a investimentos já em 2020, assim como nos anos seguintes.

Quais são a inovações mais recentes na indústria de tintas? Como o uso da indústria 4.0, da conectividade e da inteligência artificial têm sido absorvidos pelo setor? 

Existem várias vertentes da inovação na indústria de tintas, como ficou evidenciado no recente Congresso Internacional de Tintas, que promovemos em outubro. Entre os temas principais, podem ser mencionados aqueles ligados à qualidade das tintas e ao seu desempenho (envolvendo melhorias em aspectos como durabilidade, resistência, cobertura e secagem), assim como ao seu papel decisivo no combate à corrosão. Há também muitos avanços em áreas como a aplicação da nanotecnologia, a microbiologia, a utilização de matérias-primas de fonte renovável, o reaproveitamento de resíduos de processos industriais, a melhoria da qualidade do ar interior e da eficiência energética de edificações. No que se refere à digitalização e à chamada indústria 4.0, já existem iniciativas em andament

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